CORPO MARÍTIMO DE SALVAMENTO – CMS

HISTÓRIA DO SALVAMENTO AQUÁTICO NO BRASIL 

O Rio de Janeiro é uma cidade moderna, privilegiada por belezas naturais incomparáveis, nas quais se destacam suas praias, que favorecidas por clima de natureza tropical funcionam como a principal fonte de lazer e atração turística, determinando um fluxo permanente e intenso de banhistas de todo o mundo durante o ano inteiro. Entretanto, as belezas de seu litoral na maioria das vezes escondem que suas praias, com ondas e correntezas fortes, podem tornar-se potencialmente perigosas com risco de afogamentos. Estas características tornaram a cidade do Rio de Janeiro uma das regiões com maior índice desta forma de acidente no país. 

Sensível a esta realidade, em 1914, o Comodoro Wilbert E. Longfellow fundou na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, o Serviço de Salvamento da Cruz Vermelha Americana

Nesta época, o objetivo era o de organizar e treinar Guarda-Vidas voluntários, que atuariam em postos de salvamento, não apenas no Rio de Janeiro mas por todo país, supervisionando praias desguarnecidas. 

Sentindo a ineficiência de tal estratégia, adotou uma campanha a nível nacional, cujo slogan foi: “Toda Pessoa deve saber nadar e todo nadador deve saber salvar vidas”, na tentativa de despertar a população para o problema da segurança nas praias de todo o Brasil. “Each person should know how to swim and each swimmer should know how to save lives.” 

O Corpo Marítimo de Salvamento (CMS) teve suas raízes no Serviço de Salvamento da Cruz Vermelha, criado por Decreto do Prefeito Amaro Cavalcante, em 10 de maio de 1917, funcionando no Dispensário da praia de Copacabana. 

Em 1939, o Dispensário de Copacabana foi transformado no Posto de Salvamento Ismael de Gusmão, em homenagem ao seu organizador. Naquele tempo foram construídas 18 torres fixas de salvamento ao longo da costa da Cidade do Rio de Janeiro. Um total de 120 guarda-vidas trabalhava nas praias com o auxílio de barcos motorizados, ambulâncias, carros para transporte e uma equipe médica equipada com o que havia de mais moderno em tecnologia de ressuscitação. A vítima resgatada era trazida à estação principal “Ismael Gusmão” aonde a equipe médica dava continuidade aos primeiros socorros realizados na praia. Nesta época o banho era restrito a algumas áreas da orla em frente às torres e a algumas horas do dia. Em Março de 1961 este posto de Salvamento foi subordinado ao Departamento de Assistência Hospitalar do S.A.A, passando em agosto deste mesmo ano à responsabilidade do Departamento de Segurança Pública. 

O crescimento demográfico explosivo, a intensa emigração para a cidade do Rio de Janeiro e a melhoria das condições de vida da população a partir dos anos cinquenta, provocaram um aumento do contato do homem com o mar, alertando as autoridades da época para a necessidade da criação de um serviço de salvamento e resgate especializado em acidentes aquáticos. 

Criou-se, então, em 1963, o Corpo Marítimo de Salvamento – Salvamar, subordinado à Secretaria de Segurança Pública, que iniciou suas atividades com um grupo pequeno de amadores recrutado entre pessoas com afinidade e experiência para este tipo de socorro na praia. 

Em 1967, foi aprovado e criado dentro da estrutura da Secretaria de Segurança Pública, o Centro de Instrução de Salvamento e Formação de Guarda-Vidas. Do total de 60 praias, apenas 27 eram guarnecidas pelo serviço de salvamento utilizando 40 torres e 200 salva-vidas. Neste ano foram realizados 4.032 resgates na orla com apenas 17 óbitos.  

Em 1968, em razão da necessidade de um atendimento médico mais rápido e eficiente, foram inaugurados os primeiros Centros de Recuperação de Afogados (CRAs), em número de 3, localizados estrategicamente na orla do Rio de Janeiro, nas praias de Ramos, Copacabana e Barra da Tijuca, com a finalidade de dar assistência médica de urgência aos casos de afogamento. Estes CRAs possuíam instalações médicas para atendimentos de emergências e funcionavam com uma equipe de Médicos e Enfermeiros que se utilizavam ambulâncias, barcos e helicópteros para o acesso aos locais dos acidentes. O primeiro atendimento realizado pela equipe médica era feito até dentro de barcos. Com o passar dos anos foram se modernizando e se adaptando às novas necessidades e hoje representam locais de referência em todo o Brasil para qualquer tipo de acidente aquático. 

Em 1975, por determinação da Secretaria de Segurança Pública, o Corpo Marítimo de Salvamento ficou vinculado ao Departamento Geral de Defesa Civil. 

Em 1984, o Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro passou a competência e atribuições do Corpo Marítimo de Salvamento para o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBERJ). 

Essa troca de competência e atribuições não poderia ser um ato simples de gestão política, tendo em vista que essa atividade é uma das mais especializadas do mundo senão a mais especializada, não apenas em termos técnicos mas acima de tudo pelo risco humano, não só do afogado como do próprio guarda-vidas.

Esta transição de gerência do serviço de salvamento foi um trabalho árduo e vagaroso, pois havia necessidade de treinar todo o pessoal militar nesta atividade altamente especializada, pelos Guarda-Vidas do “extinto” Corpo Marítimo de Salvamento com a finalidade de treinar os militares do Corpo de Bombeiros para esta nova função. 

Os primeiros anos foram de muito sacrifício para Instrutores e Alunos Guarda-Vidas e o número de salvamentos e óbitos nas praias não sofreu alteração significativa. nas praias do Rio de Janeiro. 

Com o enorme litoral brasileiro de 7.408 Km, é natural que o fenômeno ocorrido no Rio de Janeiro se faria sentir mais cedo ou mais tarde em outras regiões. Esta cidade, como antiga Capital Federal, representa até hoje, um centro econômico, político e cultural do Brasil, e foi a pioneira na atividade de salvamento aquático. Com conhecimento e experiência sendo um centro de formação de pessoal especializado em salvamento aquático em todos os níveis, não somente Guarda-Vidas e Instrutores, mas também na formação de pessoal médico e paramédico especializado, servindo de padrão para todas as unidades da Federação.

Estado do Paraná 

Até o ano de 1959, o litoral paranaense não possuía serviço de salvamento marítimo organizado. O serviço era realizado por quatro canoeiros contratados pela Chefatura de Polícia, os quais, empiricamente, prestavam socorro aos banhistas de Guaratuba a Matinhos.

Estado do Rio Grande do Sul 

O Rio Grande do Sul, até o ano de 1970, possuía um serviço de salvamento marítimo realizado por pessoal contratado pelas respectivas Prefeituras Municipais. 

No ano de 1968, por solicitação da Prefeitura Municipal de Torres, o então Corpo Marítimo de Salvamento passou a ministrar conhecimentos técnicos, através de um Curso de Guarda-Vidas. 

A partir de 1970, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul assumiu o Serviço de Salvamento Marítimo, empregando para tal alguns homens dos seus quadros. 

Estado de Santa Catarina 

O Estado de Santa Catarina teve seu Serviço de Salvamento organizado por orientação de um oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O Capitão da Policia Militar da reserva Estevam Tork participou da organização do serviço de salvamento de Santos, e no ano de 1962 foi ao estado de Santa Catarina para ministrar conhecimentos de técnicas de atuação no mar aos membros do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar. 

Estado de São Paulo 

Em 14 de dezembro de 1921, José Martiniano de Carvalho, Capitão Comandante do Corpo de Bombeiros de Santos, propôs à Câmara Municipal de Santos, em seu relatório, a criação de um Posto Marítimo

Em 1949, o então Sargento Estevam Tork, com mais quatro argentos, foram designados para assumir os cinco Postos de Salvamento existentes. 

Em 1960, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo enviou ao Rio de Janeiro representantes do Serviço de Salvamento Marítimo de São Paulo, com a finalidade de aperfeiçoar e adquirir tecnologia de salvamento no mar com o Corpo Marítimo de Salvamento. Desde então houve intensa troca de informações entre os representantes pelos serviços de Salvamento.